quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A tragédia de Chernobyl ainda continua

A conclusão é de um estudo realizado pelos cientistas britânicos Ian Fairlie e David Sumner, a pedido do Partido Verde europeu.

Apresentado ao Parlamento Europeu, o estudo de 90 páginas se baseia em dados compilados pela Comissão Européia, órgão executivo da UE, e nas imagens de satélite tomadas nos dias posteriores ao desastre.

As fotos mostram o deslocamento da nuvem tóxica desprendida pelo acidente, composta por elementos como o Césio 137, Estrôncio 90 e Iodo 131, com radioatividade equivalente a 200 vezes a das bombas de Hiroshima e Nagasaki combinadas.

A explosão que ocorreu na unidade quatro de Chernobyl na manhã do dia 26 de abril de 1986 espalhou nuvens radiativas por um raio de entre 7 e 9 quilômetros na atmosfera.

Estima-se que 30% das 190 toneladas de combustível do reator se espalhou pela região próxima à central, situada a 110 km ao norte da capital ucraniana, Kiev, e a 16 km da fronteira com Belarus, então território da União Soviética.

"O fogo que se seguiu à explosão, abastecido por 1.700 toneladas de grafite, durou oito dias e foi o principal responsável pela gravidade do desastre de Chernobyl", afirma o relatório.
Europa Ocidental

Segundo os cientistas britânicos, as maiores concentrações de material radiativo recaíram sobre Belarus, Rússia e Ucrânia, "mas mais da metade da quantidade total de emissões" geradas pelo acidente foi parar em solos da Europa Ocidental.

Cerca de 3.900.000 quilômetros quadrados da UE receberam mais de 4.000 becquereles por metro quadrado de Césio 137 (Bq/m2, unidade de medida de radioatividade), elemento com vida média de 30 anos.

Entre essas regiões, estão 80% do território da Áustria e da Suíça, 44% da Alemanha e 34% do Reino Unido. Além disso, 2,3% da Europa Ocidental foi contaminado com níveis superiores a 40.000 Bq/m2, uma porcentagem que inclui 5% das terras de Ucrânia, Finlandia e Suécia.

O relatório ressalta que a carne de animais silvestres na Alemanha apresenta atualmente uma média de 6.800 Bq/kg, mais de dez vezes superior aos 600 Bq/kg máximos permitidos pela UE em alimentos.

Níveis similares são encontrados em cogumelos, frutas e animais silvestres de certas regiões da Áustria, Italia e Suécia.

Só na Grã-Bretanha as restrições sobre alimentos contaminados por Chernobyl ainda afetam 200.000 ovelhas e a produção agrícola de 750 quilômetros quadrados de fazendas.

Até 2005 cerca de 5.000 casos de câncer de tiróide foram registrados entre moradores da Belarus, Rússia e Ucrânia que tinham menos de 18 anos na época do desastre.

Os cientistas britânicos estimam que nos próximos dez anos "Chernobyl causará de 30.000 a 60.000 mortes por câncer, entre 7 e 15 vezes mais que o estimado pela da Organização Mundial da Saúde (OMS)", que limita esse número a 9.000.

Para a organização não governamental Greenpeace, a estimativa é ainda mais pessimista. O grupo desacreditou os números da OMC ao afirmar que o número de mortos por câncer causado pelo acidente de Chrnobyl pode chegar a quase 100 mil pessoas.

O OMS (Organização Mundial da Saúde) questionou as conclusões do Greenpeace, reafirmando que um máximo de 9 mil mortes seriam causadas pelo acidente.

Fonte:BBC Brasil

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